27 fevereiro 2014


Desde o início do mês que estou a viver e trabalhar em Londres. É uma mudança gigantesca - pessoal, profissionalmente, e também em coisas aparentemente menores mas que são uma parte importante do que somos, como a culinária. A gastronomia inglesa é diferente em muitos aspectos - logo à partida ao nível dos ingredientes e da facilidade ou dificuldade em encontrar muitas coisas a que estamos habituados em Portugal. O peixe é uma delas. Numa ilha como estas, seria de esperar ser muito mais fácil encontrar peixe fresco, inteiro, à venda em todos os supermercados, mas nem sempre a escolha é a melhor. Há dias arrisquei comprar um quilo de trutas frescas, mesmo não sabendo muito bem o que iria fazer com elas. Confesso que nunca tinha comido truta, muito menos as tinha cozinhado. Mas algum dia teria de ser o primeiro...

Após uma pesquisa pela internet em busca de ideias, resolvi inventar um pouco, com alguns ingredientes que encontrei. Nada de complicado - mas o resultado final... Não estava à espera de tanto, para dizer a verdade. Ficou perfeito. A truta estava no ponto, os sabores complementavam-se - o peixe, o cítrico do limão e da erva-príncipe, os coentros, as amêndoas... Acabei por descobrir um novo prato, óptimo para fazer ao jantar cá em casa. E voltei a trazer o peixe em força para o meu dia-a-dia.


Ingredientes (1 pessoa - estou sozinho em casa...):
1 truta
1 limão
1 punhado de amêndoas, idealmente laminadas, mas podem perfeitamente ser inteiras
1 talo de erva-príncipe
coentros
sal
pimenta
vinho branco
azeite
batatas


Preparação:
Ligue o forno a cerca de 170º em modo ventilado. Lave as batatas e leve-as a cozer com casca em água e sal.

Pique os coentros, raspe a casca do limão (reservando o limão!) e corte a erva-príncipe em rodelas muito finas. Coloque uma folha de papel de alumínio sobre um tabuleiro de forno e deite a truta sobre ele. Com uma faca, dê uns golpes na diagonal sobre um dos lados da truta.

Misture os coentros picados com a raspa do limão e um pouco de sal. Massaje bem a truta com a mistura, colocando um pouco dentro da cavidade do peixe. De seguida, polvilhe com um pouco de pimenta e deite as amêndoas por cima (e, mais uma vez, também por dentro). De seguida corte meias rodelas finas de limão e encaixe-as nos golpes que fez sobre a truta.

Finalmente, regue com um pouco de vinho branco e enrole a truta no papel de alumínio, dobrando-o nas pontas. Leve ao forno por cerca de 20 a 25 minutos até a truta ficar cozinhada.

Sirva com as batatas, regando com um fio de azeite.

04 janeiro 2014

Uma pessoa de família falou nisto por acaso, e lá fui eu à net pesquisar o doce de pimentos vermelhos. Várias receitas, de ambos os lados do Atlântico, convenceram-me que valia a pena experimentar. Várias receitas sugerem o uso de pectina líquida como espessante, mas é mais simples numa cozinha portuguesa encontrarmos maçãs ou marmelos do que pectina, e por isso segui as receitas que usavam maçãs. Provei a meio da fervura e achei que precisava de umas cascas de limão, que não vêm em receita nenhuma… resisti por alguns minutos, porque tenho a mania de meter limão em tudo, mas lá cedi e juntei as cascas de limão, que além do sabor também ajudam a espessar. No fim, o sabor é muito interessante. Primeiro vem o sabor de pimento, e o cérebro parece ficar em alerta como que a dizer “isto vai correr tão mal!...” mas depois surgem as notas doces do açúcar e este doce de pimentos vermelhos fica definitivamente aprovado! O cérebro fica baralhado com os sabores a pimento e a doce, tão contrastantes e inesperados em conjunto. Muito bom.

Ingredientes para 2 frascos médios de doce:
  • 700 g de pimentos cortados grosseiramente
  • 150 g de maçã (1 grande maçã reineta, por exemplo)
  •  550 g de açúcar (pode juntar mais se for guloso – aviso que eu cortei um pouco no açúcar)
  • 100 ml de vinagre de sidra
  • 2 cascas de limão


Preparação

Corte os pimentos (cerca de 4) em cubos de 1 a 2 cms, sem sementes e sem as partes brancas. Leve a um copo misturador e triture com o vinagre e com a maçã já cortada em cubos também. Triture pouco, deixando uma consistência grossa.

Leve a ferver numa panela e junte o açúcar e as cascas de limão. Deixe fervilhar enquanto mexe a mistura com uma colher de pau, durante 25 a 30 minutos,  para reduzir os líquidos e deixar o doce na consistência certa.

Guarde em frascos (fervidos por 5 mins em água para esterilizar) e feche bem. Aprecie com tostas ou mesmo juntando no prato a umas costeletas ou entrecosto grelhado.

Na União Europeia houve em tempos uma enorme discussão sobre o que significa doce, geleia, compota e marmelada em cada uma das línguas devido aos apoios de fundos comunitários, porque aquilo a que uns chamam marmelada é a compota ou a geleia dos outros. Uma confusão. Cada um com os seus hábitos, e no meu caso eu uso os termos doce e compota indiscriminadamente, e marmelada apenas para a compota de marmelo.
 
© 2012. Design by Main-Blogger - Blogger Template and Blogging Stuff