30 dezembro 2012

Se alguém ainda achar que a comida vegetariana é desinteressante e sem sabor, este prato é ideal para mudar de vez essa ideia.

A receita vem do livro "More From The Accidental Vegetarian", de Simon Rimmer, de quem já aqui falei uma ou outra vez. É uma receita curiosa, porque à partida parece ser só um prato de... grão e batata. Mas quando se prova é surpreendente, porque é muito mais do que isso - os cominhos, o aipo, o pimento, o piri-piri... todos os ingredientes contribuem para dar um grande sabor ao prato. Apetece repetir e repetir...

(Nota: a receita de Rimmer tinha batatas normais, mas a batata-doce fica aqui muito bem!)


Ingredientes (4 pessoas):

Para as batatas:
8 batatas-doces
1 dente de alho
1 colher de sopa de sementes de cominho
cominhos em pó
sal
pimenta
azeite


Para o grão:
cerca de 800g de grão enlatado escorrido
200ml de crème fraîche
1 cebola vemelha
1 pimento vermelho
3 talos de aipo
1 dente de alho
2 piri-piris pequenos
1 colher de sopa de molho de tomate
1 colher de chá de pimentão
1 mão-cheia de folhas de espinafre 'baby'
algumas folhas de erva-cidreira fresca
azeite
sal
pimenta


Preparação:
Comece por descascar e cortar em cubos as batatas-doces. Ligue o forno a 180º em modo ventilado. Coloque as batatas num tabuleiro de forno, regue com azeite, tempere com o sal e a pimenta, misture bem, envolvendo as batatas no azeite e leve a assar no forno.

Passados dez minutos polvilhe com as sementes de cominho e um pouco de cominho em pó. Junte o dente de alho esmagado e leve novamente ao forno por mais cerca de um quarto de hora ou até as batatas estarem assadas (pode deixar mais tempo se gostar delas mais douradas/tostadas).

Agora o grão - pique a cebola e os talos de aipo. Limpe o pimento e os piri-piris de todas as sementes e pique-os também. Deite um fio de azeite numa frigideira grande, leve ao lume e junte a cebola, o pimento, o aipo, os piri-piris e o dente de alho esmagado. Deixe cozinhar por cerca de dez minutos. Nessa altura junte o pimentão e o puré de tomate. Mexa bem, ligando todos os ingredientes e deixe cozinhar mais cinco minutos. Junte o grão e o crème fraîche. Misture tudo muito bem. Tempere de sal e pimenta e deixe cozinhar um ou dois minutos. Prove e corrija os temperos se necessário. Finalmente adicione as folhas de espinafre e a erva-cidreira picada. Misture novamente, mais um ou dois minutos e está pronto!

Sirva o grão com as batatas por cima, acompanhando com um bom vinho!

20 dezembro 2012


Os ovos têm 3 papéis muito claros num bolo – dão sabor, ligam a massa, e ajudam o bolo a crescer no forno, criando aquela textura fofa. Um bolo sem ovos é um desafio, e portanto parti ao desafio de fazer um bolo vegan que parecesse tanto quanto possível com um bolo normal.

Para ligar a massa usei cenoura ralada. Tem muita humidade, um sabor bastante adocicado e rico, e as tiras finíssimas da cenoura ralada funcionam quase como fibras entrecruzadas e molhadas a ligar os ingredientes secos. Para trazer mais humidade, usei o sumo de uma laranja e azeite.

Enriqueci os aromas com raspa de laranja e de limão além de ter usado açúcar mascavado, e abusei do fermento para o bolo crescer alguma coisa. As sementes de papoila deram-lhe uma certa graça e notam-se levemente quando se trinca.

Por fim, usei algumas colheradas de “no egg”, um substituto artificial de ovo, mas não creio que tenha feito grande impacto. Eu diria que podem saltar o “no egg”…


Ingredientes:
350 g cenoura ralada
350 g açúcar mascavado
350 g farinha tipo 55
120 ml de azeite
3 colheres chá de fermento (ex: pó royal)
1  colher chá de canela
Sumo e raspa de 1 laranja grande
Raspa de 1 limão
4 colheres de chá de “no egg” diluídas em  10 colheres de sopa de água (opcional)
2 colheres de sopa de sementes de papoila (opcional)


Preparação:
Misturar a farinha, o açúcar, o fermento e a canela. Adicionar a cenoura, o azeite, o sumo e raspa de laranja, a raspa de limão, as sementes de papoila e o “no egg” diluído em água. Bater bem os ingredientes e levar ao forno em forma untada com azeite, a 170 graus por 50 minutos. Se usar uma forma de tabuleiro o bolo poderá demorar menos tempo.

Ficou muito bom. A repetir.

Nota: num regime de alimentação vegan não se come nada que tenha origem animal, seja carne, peixe, ovos, leite, mel, etc.

05 dezembro 2012


Eu sei, já é a terceira receita de macarons em pouco tempo. Mas depois de se acertar com o jeito, é irresistível experimentar novos sabores! Desta vez arrisquei mais quantidade - consegui encher cinco tabuleiros e o resultado foi óptimo. O sabor da framboesa combina muito bem com a amêndoa dos macarons - e a sua acidez corta o doce e equilibra muito bem o conjunto.

Mais uma vez - se isto lhe sair mal, não desespere. O mais difícil é mesmo apanhar o jeito, a partir daí começa a tornar-se bem mais fácil do que parece!


Ingredientes (entre 70 a 80 macarons):

Para os macarons:
220g de claras de ovo, divididas em dois recipientes (110g cada)
300g de amêndoa em pó
300g de açúcar
300g de açúcar em pó
75g água
22g de corante cor-de-rosa

Para o recheio de framboesa:
400g de chocolate branco
500g de framboesas frescas ou congeladas (usei congeladas)
200g de framboesas frescas
200g de água
100g de açúcar


Preparação:

Comece pelo recheio. Este tem duas partes - um creme de chocolate branco com framboesa, e framboesas em calda. Preparam-se ambos com alguma antecedência e separadamente.

Leve os 200g de água e os 100g de açúcar ao lume até ferver. Deite nessa calda os 200g de framboesas frescas, espere até que ferva novamente, retire do lume e reserve. Assim que arrefecer coloque no frigorífico a macerar.

De seguida, deite os 500g de framboesas para um robot de cozinha ou copo misturador e triture-as até obter uma pasta. Deite a pasta num tacho e ferva. A seguir corte o chocolate branco em pedaços pequenos (uma faca de cortar pão ajuda muito), deite-os numa tigela e coloque-a sobre um tacho com água de forma a que a tigela não toque na água. Leve ao lume e vá mexendo o chocolate até este derreter. Deite a pasta quente de framboesas sobre o chocolate, um terço de cada vez, e misture bem até obter um creme (a ganache). Deite num pirex, cubra com película aderente (a película deve tocar no creme), deixe arrefecer e leve ao frigorífico.

Agora os macarons - a receita é semelhante às duas que já aqui publicámos e vale a pena lê-las se for a primeira vez que os tenta fazer, principalmente a primeira, que é muito mais detalhada. Resumindo (mas não muito): peneire o açúcar em pó e as amêndoas em pó para uma mesma tigela. Misture o corante num dos recipientes de claras e deite sobre a mistura de açúcar e amêndoas sem mexer. Ponha de lado - já lá voltamos. Aqueça o açúcar e a água em lume médio. Assim que chegar aos 115º comece a bater a segunda porção de claras. Quando o açúcar chegar aos 118º, sem parar de bater as natas, deite-lhes o açúcar em fio, batendo sempre durante mais um minuto. Reduza a batedeira para velocidade média, bata mais dois minutos e páre. Acabou de fazer um merengue italiano. Deixe arrefecer até aos 50º e deite sobre a mistura de açúcar, amêndoa em pó e claras com corante.

Mexa bem com uma espátula de borracha, do centro para os lados da taça, rodando-a enquanto mistura. Misture até obter uma massa brilhante, que escorra da espátula. Ao escorrer a massa para a taça, a massa deverá voltar à sua forma em poucos segundos, caso contrário terá de mexer mais um pouco. Cuidado para não passar o ponto (eu sei que é complicado saber qual o ponto certo - é um dos pontos difíceis dos macarons... com tentativa e erro chega-se lá, a sério!).

Com a ajuda de um saco de pasteleiro faça montinhos de massa de cerca de 3,5cm de diâmetro com cerca de 2cm de espaço entre eles, sobre um tabuleiro forrado a papel de forno. No final bata com o tabuleiro sobre a bancada para libertar eventuais bolhas de ar. Deixe repousar cerca de 30 minutos.

Aqueça o forno a 180º em modo ventilado para obter uma temperatura o mais uniforme possível. Leve os macarons ao forno. Passados oito minutos abra e feche a porta para libertar humidade. Repita dois minutos depois e retire do forno mais dois minutos depois (tempo total = doze minutos). Deixe os macarons sobre o papel, mas retire do tabuleiro ou continuarão a cozer. Assim que arrefecerem retire-os do papel com cuidado.

Entretanto retire o recheio e as framboesas do frigorífico. Coloque o recheio num saco de pasteleiro e deite um pouco sobre um dos macarons. Com uma colher pequena, ponha um pouco de framboesa em calda sobre o recheio (cuidado com a calda - não molhe demasiado o macaron!). Cubra com outro macaron. Faça o mesmo com os restantes, leve ao frigorífico até ao dia seguinte - e estão prontos!

29 novembro 2012

Confesso que fazer pastéis de nata em casa era uma ambição antiga, mas só há pouco tempo é que experimentei fazer. Hoje foi a terceira tentativa e acho que estão no ponto certo. Das duas vezes anteriores havia sempre algo a correr mal - ou a massa estava muito grossa, ou o recheio cozia demais, ou ambos... -, mas desta vez ficaram óptimos.

Não inventei com a receita - fui buscá-la à "Bíblia", o "Cozinha Tradicional Portuguesa" de Maria de Lourdes Modesto, com uma única diferença: não fiz a minha própria massa folhada. Por dois motivos: não me apeteceu (quem confessa não merece castigo!) e porque se a fizesse teria muito maior consciência de como é feita e da quantidade de manteiga que leva, e acho que me sentiria muito mais culpado em cada pastel que comesse. Assim sendo, olhos que não vêem...


Ingredientes (cerca de 12 pastéis):
500g de massa folhada
5dl de natas
8 gemas
2 colheres de chá de farinha
200g de açúcar
casca de 1 limão


Preparação:

Há duas formas de preparar a massa dos pastéis. A primeira, e mais simples, é estender a massa até ficar bem fina e cortar círculos de massa um pouco maiores do que as formas (uso uma chávena larga para ajudar). Colocam-se os círculos nas formas e ajusta-se com os dedos até forrarem bem a forma. A massa não deve ficar muito grossa.

A segunda forma é esticar bem a massa e enrolá-la sobre ela própria fazendo um rolo comprido. De seguida, cortam-se pedaços de rolo com 2 a 3 cm, colocam-se nas formas ao alto e , fazendo pressão com os dedos, esmagam-se até forrar as formas, mais uma vez garantindo que a massa não fica demasiado grossa (mas cuidado para não a rasgar!)

O segundo método parece-me melhor para ter uma massa mais "folhada" e estaladiça, mas conseguem-se bons resultados com ambos.

De seguida, o creme: Deite as natas para um tacho e junte-lhe as gemas. Mexa um pouco. Com a ajuda de um passador, peneire o açúcar e a farinha sobre a mistura e mexa novamente. Junte finalmente a casca do limão. Leve a lume médio e vá mexendo sempre até começar a engrossar ligeiramente. Cuidado para não cozer demais, senão o creme começará a engrossar demasiado e a passar do ponto certo!

Deite o creme nas formas de massa e leve a forno muito quente. A Maria de Lourdes Modesto indica um intervalo de 250º a 300º. Eu usei o máximo do meu forno, 275º, e resultou bem. Vá controlando a cozedura a olho, não demora mais que 10 a 15 minutos. A nata vai "inchar" - não se preocupe, ela volta ao lugar depois de sair do forno. Quando a nata começar a ficar tostada no topo desligue o forno e retire as formas. Deixe arrefecer e desenforme com a ajuda de uma faca.

Se gostar, polvilhe com canela e açúcar em pó - está feito!




14 outubro 2012


Esta é capaz de ser a minha receita que mais tempo demorou a concretizar. Tive a ideia o ano passado, na época dos dióspiros. Pensei a receita toda, incluindo o empratamento, mas quando finalmente me decidi a experimentá-la já não conseguia encontrar dióspiros em lado nenhum. Agora, um ano depois, não podia deixar passar a oportunidade - e julgo que valeu a pena.

Os dióspiros são suficientemente doces para complementarem bem a panna cotta (eu gosto de fazê-la pouco doce, quase neutra, para que o sabor venha todo do molho que se junta por cima). E depois há a conjugação com a canela e as nozes, que complementam na perfeição o sabor desta fantástica fruta de Outono. Experimentem - é uma sobremesa extremamente fácil e rápida de fazer e fica muito saborosa.


Ingredientes:

500ml de natas
2 colheres de sopa de açúcar
3 folhas de gelatina
2 ou 3 dióspiros (depende do tamanho)
canela
nozes


Preparação:
Coloque as folhas de gelatina de molho em água fria. Deite as natas e o açúcar num tacho e leve a lume brando sem deixar ferver. Enquanto as aquece, escorra bem as folhas de gelatina e junte-as às natas, mexendo com uma colher de pau até se desfazerem. Deite um pouco de canela e misture também (não muito - a ideia não é dar sabor, mas apenas dar alguma cor à panna cotta - a nata vai ficar pintalgada de castanho). Quando as natas estiverem quase a ferver, retire do lume. Deite em formas individuais (eu usei umas formas de alumínio que se compram em supermercado, porque torna fácil desenformar a panna cotta para um prato na altura de servir, mas pode optar por outras soluções). Leve ao frigorífico algumas horas (se possível de um dia para o outro).

Para a cobertura, deite a polpa dos dióspiros para um copo triturador e... triture! Passe num passador para um recipiente. Pique também as nozes e reserve.

Na altura de servir, cubra a panna cotta com a polpa de dióspiro, polvilhe com canela e deite algumas nozes trituradas por cima. E já está!!

23 setembro 2012

Depois dos macarons de chocolate preto, experimentei agora fazer de limão, sempre seguindo o método do livro do Pierre Hermé, tal como descrevi na receita anterior. Resultou na perfeição. Fazer macarons pode ser muito difícil ao início, enquanto não acertamos todos os pequenos pormenores que podem estragar o resultado final - mas assim que se apanha o jeito, passa a ser quase fácil!


Ingredientes (entre 30 a 40 macarons):


Para os macarons:
110g de claras de ovo, divididas em dois recipientes (55g cada)
150g de amêndoa em pó
150g de açúcar
150g de açúcar em pó
37,5g água
5g de corante alimentar amarelo (eu uso corante em gel)

Para o recheio de limão:
112g de ovos (gema e clara)
120g de açúcar
4g de raspa de limão
80g de sumo de limão
175g de manteiga sem sal
50g de amêndoa em pó


Preparação:
Prepare o recheio de limão de véspera, começando por esfregar bem o açúcar e a raspa de limão entre as mãos, para libertar o aroma do limão e misturar bem ambos os ingredientes. Deite a mistura numa tigela e junte-lhe o sumo de limão e os ovos. Coloque sobre uma panela com água ao lume e bata com uma vara de arames enquanto controla a temperatura com um termómetro de açúcar. Quando chegar a 84º retire do lume e deixe arrefecer até aos 60º. Nessa altura junte a manteiga cortada em pedaços e volte a bater com a vara de arames até obter um creme uniforme - bata agora com uma batedeira eléctrica durante cerca de 10 minutos.

Deite o creme num pirex, cubra com película aderente e leve ao frigorífico.

No dia seguinte, prepare os macarons exactamente da forma que indicámos na outra receita. O que se segue é uma versão mais simples - vale a pena ler a outra receita, que tem mais alguns detalhes e conselhos. Não se esqueça que deve usar claras envelhecidas. No entanto, se se tiver esquecido de as preparar com antecedência, pode levá-las ao microondas por cerca de 15 segundos em potência média. Não é exactamente o mesmo, mas é suficientemente próximo para 'desenrascar'.

Comece então por peneirar o açúcar em pó e as amêndoas em pó para uma tigela. Misture o corante num dos recipientes de claras e deite sobre a mistura de açúcar e amêndoas sem mexer. Aqueça o açúcar e a água em lume médio até chegar aos 115º - nessa altura comece a bater a segunda porção de claras com uma batedeira. Assim que o açúcar chegar a 118º, sem parar de bater as claras, junte-lhe o açúcar em fio, batendo sempre durante cerca de 1 minuto. Reduza a batedeira para velocidade média e bata mais 2 minutos. Pare, deixe arrefecer até aos 50º, e deite sobre a mistura de açúcar, amêndoa em pó e claras com corante.

Misture as claras com o açúcar e a amêndoa, do centro para o lado da taça, rodando a taça enquanto mistura. Este ponto é crítico - misture até obter uma massa brilhante, que escorre da espátula. Se a massa formar um bico ao cair, esse bico deve desaparecer passados uns segundos. Mas atenção - não bata demasiado, para a massa não ficar líquida de mais.

Com a ajuda de um saco de pasteleiro, faça pequenos montinhos de massa de cerca de 3,5cm de diâmetro, com 2cm de espaço entre eles, sobre um tabuleiro forrado a papel de forno. No final, bata com o tabuleiro sobre o tampo da mesa para libertar bolhas de ar da massa. Deixe repousar cerca de 30 minutos.

Aqueça o forno a 180º em modo ventilado. O ideal é que o forno esteja com uma temperatura uniforme, sem fontes de calor extremas por cima ou por baixo. Se tal não for o caso, terá de ajustar o tempo, e se calhar só mesmo com tentativa e erro. É muito fácil estragar macarons com tempos/temperaturas de cozedura errados!

Leve os tabuleiros ao forno, passados 8 minutos abra e fecha a porta do forno para libertar o vapor. Repita 2 minutos depois e retire do forno mais 2 minutos depois. Deixe os macarons sobre o papel mas fora do tabuleiro. Assim que arrefecerem, retire-os com cuidado.

Entretanto retire o recheio do frigorífico (o ideal será retirá-lo antes de começar toda esta preparação, para não estar demasiado frio nesta altura). Deite a amêndoa em pó sobre o recheio e misture bem com uma colher. Deite o recheio num saco de pasteleiro e comece a rechear os macarons.

Não se esqueça - depois de prontos leve-os ao frigorífico de um dia para o outro. E retire-os 1 ou 2 horas antes de os comer. A sério, faz toda a diferença - ficam molhadinhos por dentro e perfeitos.

Boa sorte!

14 julho 2012

O livro "The Family Meal - Home Cooking With Ferran Adriá" é uma pequena jóia. É um livro de cozinha do grande cozinheiro espanhol, é um livro de receitas do seu restaurante El Bulli, mas ao mesmo tempo... não é bem. O que Adriá reúne neste volume são as receitas da cozinha do El Bulli para as refeições da equipa do restaurante. Ou seja, comida simples, organizada em menus completos, mas com grandes ideias e pratos bastante saborosos. Tudo acessível mas com algumas surpresas pelo meio.
Adoro o livro. E esta receita é um bom exemplo - asas de frango e cogumelos. Nada mais simples. E no entanto, sai um prato ótimo, saboroso, e ideal para qualquer almoço de fim-de-semana. Experimentem e verão.


Ingredientes (2 pessoas):
6 asas de frango
120g de cogumelos shimeji (costumo encontrá-los com alguma facilidade no Continente aqui perto de casa; se não encontrarem substituam por outros)
10 dentes de alho
1 folha de louro
1 ramo de tomilho fresco
4 colheres de sopa de vinho branco
50 ml de água
azeite
sal
pimenta


Preparação:
Corte as pontas das asas (deite-as fora), e corte novamente pela articulação, separando cada asa em dois pedaços. Tempere com sal e pimenta.

Leve uma frigideira a lume médio com azeite e, assim que este estiver quente, deite-lhe as asas. Deixe-as cozinhar, virando-as de vez em quando. Entretanto aproveite para cortar a base dos cogumelos (os shimeji têm geralmente uma base única a partir da qual saem os vários cogumelos - corte a base e descarte-a, separando os cogumelos). Descasque os alhos e corte-os em fatias.

Assim que as asas estiverem douradas (cerca de 30 minutos), junte-lhes o alho e cozinhe por mais cerca de cinco minutos. Nessa altura junte o louro, o tomilho e o vinho branco. Por esta altura já deve ter um aroma óptimo a encher a cozinha! Levante o lume para que o vinho reduza um pouco, e junte os cogumelos. Cozinhe por mais cerca de dois minutos. Finalmente, deite a água, cozinhe mais cinco minutos e estará pronto a servir!

13 junho 2012


Esta omeleta é ideal para dietas “low carb” como a South Beach. Os ovos dão saciedade para toda a manhã mas sempre achei que o travo forte de ovo logo pela manhã era demais para mim. A cozinheira inglesa Julia Child juntava um pouco de água para fazer as suas omeletas e eu passei a juntar leite nesta versão, cortando bastante a intensidade do ovo.

É claro que só o leite parecia pouco, e fui adicionando ervas aromáticas diversas e algum fiambre, até que perdi a vergonha e agora faço com finíssimas fatias de paio de porco preto – não é propriamente dietético, mas sabe mesmo bem!

Use uma frigideira pequena de fundo grosso. Tem de ser de fundo grosso. Deite no lixo as suas frigideiras fininhas que lhe queimam a comida toda e invista em algo com pelo menos 1 cm de espessura, que em caso de guerra possa ser classificada como armamento pesado para arremesso a tropas inimigas. A distribuição de calor é muito melhor e a comida dificilmente irá queimar-se ou pegar-se ao fundo.

Ingredientes:
2 ovos grandes
50 a 70 ml de leite (cerca de ¼ a 1/3 de copo)
7 a 10 folhas de ervas aromáticas diversas (hortelã, salva, manjericão, poejo, etc.)
Algumas fatias de paio de porco preto
Manteiga q.b.


Preparação:

Derreta um pouco de manteiga na frigideira. Bata os ovos numa taça com o leite deixando mal mexido – sabe bem encontrar variedade de textura e sabor na omelete. Leve a lume médio na frigideira. Corte as fatias de paio de porco preto (ou use fiambre…) e parta as folhas de ervas aromáticas a meio. Quando a omelete muito pouco líquida espalhe por cima as ervas e o paio. Deixe secar um pouco e com um golpe de habilidade ou com 2 garfos dobre a omeleta a meio e deixe ganhar alguma cor.

Sirva de imediato para que os aromas das ervas não se percam. É delicioso comer garfadas de sabor inesperadamente diferente – a menta refrescante, depois a salva exótica, o manjericão, e outra vez a hortelã... Se lhe apetecer um pouco de indulgência culinária pela manhã, junte também umas lascas de parmesão.

20 maio 2012


Os amigos são para estas coisas. Até hoje eu só conhecia de nome a sopa de beldroegas, prato típico alentejano. Mas graças à amizade e generosidade do Paulo e da Maria, que visitámos ontem em Évora, já corrigi essa falha. Viemos de Évora com o essencial para a sopa - um molho de beldroegas, pão alentejano, os queijos e a receita -, e foi o almoço. E que almoço! É uma sopa simples de fazer, mas substancial e rica como só no alentejo.
A acompanhar, vinho alentejano. A finalizar, uma fatia de pão-de-rala. Não há melhor.


Ingredientes (2 pessoas):
1 molho de beldroegas
2 queijos de cabra bem curados
2 ovos
1 cabeça de alho
2 dentes de alho
3 batatas médias
pão alentejano duro
azeite
sal


Preparação:
Prepare os ingredientes: lave e desfolhe as beldroegas (o caule não é utilizado na sopa); pique os dois dentes de alho; tire a pele branca da cabeça de alho até ver os dentes, mas com cuidado para não os separar; descasque e corte as batatas em rodelas grossas; corte os queijos em quatro.

Leve uma panela grande ao lume, cubra o fundo com azeite e deite os dois dentes de alho picados. Assim que começarem a alourar, deite-lhe as beldroegas e misture bem, deixando refogar um pouco enquanto ferve cerca de 1 litro de água noutra panela. Deite a água quente sobre as beldroegas e junte a cabeça de alho e as batatas. Tempere com sal e deixe cozinhar por cerca de dez minutos. Nessa altura junte os queijos cortados em quartos e prove para corrigir o tempero, se necessário. Finalmente abra os ovos para a sopa e deixe escalfar.

Corte o pão às fatias, usando-o para forrar as tigelas da sopa. Deite a sopa sobre o pão - e delicie-se!

06 maio 2012



Eu sei que o nome da receita parece exagerado, mas defendo-o as vezes que forem necessárias. Vi esta receita no blog da Cláudia Borralho e fiquei imediatamente interessado - uma receita de mousse de chocolate só com dois ingredientes? Ainda por cima sendo o segundo ingrediente água (e como qualquer pessoa que já tenha deixado entrar água numa ganache saberá, água e chocolate são coisas que nunca se devem misturar...)? E para além de tudo o resto, uma receita que o grande Heston Blumenthal apresenta aqui? Era impossível não experimentar...
A receita demora aí uns cinco minutos e só dá o trabalho de bater o chocolate com uma vara de arames, nada mais. E fica óptima. Cremosa como poucas mousses - e com um sabor incrível. Como não leva mais nenhum ingrediente, sabe a chocolate. Chocolate puro, sem mais nada. Para um verdadeiro apreciador, é sem dúvida alguma a melhor mousse de chocolate do mundo - todos os outros ingredientes são simplesmente dispensáveis. O único contra é que, tendo apenas estes ingredientes, rende muito pouco - uma tablete de 200g dá para duas pessoas. Mas é um contra muito pequeno tendo em conta o sabor...
A sério, experimentem. E se quiserem, podem depois variar um pouco, usando água com uma infusão de menta, ou de chá, ou substituindo um pouca da água por um pouco de licor. Mas só assim simples, com água e chocolate, já é perfeita. Vão por mim!


Ingredientes (2 pessoas):
200g de chocolate preto de boa qualidade (o sabor da mousse é o sabor do chocolate - escolham bem!)
180ml de água


Preparação:
Prepare um recipiente cheio de água e cubos de gelo e ponha outro recipiente sobre essa, por forma a que toque na água. Deixe de lado.

Corte o chocolate em pedaços pequenos (o ideal é usar uma faca de pão serrilhada). Coloque a água num tacho, deite-lhe o chocolate e leve ao lume, batendo com uma vara de arames até o chocolate derreter e misturar com a água. Assim que estiver, vaze para o recipiente que está sobre o gelo e bata com a vara de arames. Continue a bater sempre até ganhar a consistência de mousse - há-de começar a engrossar devagar e num instante lá chegará. Deite em taças e delicie-se!

02 maio 2012


Tanta invenção com pratos novos tem destas consequências – alguns quilinhos a mais que têm agora de sair. E custa muito mais perder peso do que ganhar. Um molho saboroso passa quase sempre por juntar alguma manteiga, e quando a comida sabe bem apetece mais um pouco. Para cortar neste ritmo estou a seguir pela segunda vez na vida uma dieta. É já velhinha mas simples e eficaz – a dieta de South Beach.
A parte dolorosa da dieta passa por 2 semanas de total privação de hidratos de carbono, e como todos os nossos pequenos-almoços habituais estão carregados de hidratos de carbono, tive de inventar em grande para não fazer omeletas todos os dias de manhã que seria um enjoo.
O queijo magro fresco com verduras é uma opção excelente.

Ingredientes para 1 pessoa:

1 queijo fresco magro grande
150 g de verduras (agrião, rúcula, canónigos, ou outros – o que tiver no frigorífico, ou quintal para felizardos)
Raspas de lima (ou limão)
Sumo de 1 lima (ou meio limão)
3 a 4 folhas de hortelã
5 a 6 folhas de manjericão
Orégãos q.b.
Vinagre balsâmico q.b.
Sal e pimenta q.b.

Preparação:

Lave as verduras e tempere com o sumo do citrino. Corte as ervas aromáticas e misture nas verduras. Disponha num prato largo e coloque o queijo fresco em rodelas por cima. Tempere com as raspas do citrino, orégãos, sal e pimenta e finalize com vinagre balsâmico.

Fresco, saudável, saboroso. E o corpo agradece – já se nota bem na balança.

30 abril 2012


Já tinha pedido rabo de boi no talho para fazer sopa mas desta vez estava ali mesmo cortadinho e arrumado na cuvete, no expositor da carne já cortada e embalada, a pedir para eu o transformar em sopa. Comprei ainda 2 cortes de chambão com o ossobuco, para dar ainda mais sabor e aproveitar a medula. E com o dia frio e chuvoso, apeteceu mesmo uma sopa rica. A única parte chata desta sopa é que passa muito tempo ao lume para ficar mesmo boa. Há uns pacotinhos de sopa em pó que dizem ser sopa de rabo de boi. Experimentem o “artigo genuíno” que vão gostar.

Ingredientes para 6 pessoas:

1 rabo de boi (cerca de 800 g)
1 corte de chambão (cerca de 250 g)
Farinha q.b.
50 ml de azeite
1 cebola grande, em rodelas finas
1 cenoura grande, cortada finamente (usei descascador de batatas)
1 aipo, cortado em rodelas finas
½ nabo
3 a 4 colheres de sopa de polpa de tomate
1 folha de louro
1 copo (200 ml) de vinho tinto
1.5 litros de água
2 colheres de sopa de manteiga
Ervas aromáticas frescas

Envolva os cortes de rabo de boi em farinha. Aqueça o azeite na panela onde vai fazer a sopa e aloure o rabo de boi dos vários lados. Retire a carne e reserve.
Aloure as rodelas de cebola. Junte a cenoura, o aipo e o nabo, cozinhando por alguns minutos. Junte a polpa de tomate e mais algum azeite se necessário, mexendo a mistura.
Adicione o vinho tinto e levante fervura. Juntar o rabo de boi, a água e o corte de chambão, com a carne em pedaços. Cozinhe em lume brando deixando a panela meio tapada. Ao fim de meia hora, retire a medula do osso do chambão e reserve. Mantenha em lume brando por pelo menos mais 1 hora. Engrosse a sopa diluindo alguma farinha com a manteiga e um pouco do caldo da sopa, juntando agora à panela. Retire do lume e junte algumas folhas de ervas aromáticas frescas (tomilho, hortelã, salva, salsa, enfim – o que tiver à mão e que goste).
Desfie um pouco da carne do chambão e do rabo e devolva à sopa.
Sirva bem quente, com uma torrada de pão alentejano barrada com a medula e alguma manteiga.

22 abril 2012

 Muitas vezes o que mais apetece na cozinha é simplificar; fazer qualquer coisa simples, rápida, mas saborosa. Esta é uma dessas receitas - não tem grandes truques, nem grandes ingredientes, mas resulta tão bem que se tornou uma favorita cá em casa. E é versátil - já a fiz com e sem pesto, com fuet em vez de chouriço, com pedaço de queijo halloumi misturados, com e sem pinhões, com ervas aromáticas... Enfim, é daquelas receitas nas quais é fácil inventar. Talvez por isso as quantidades não sejam fixas, e daí o nome: tagliatelle "a olho". Vão-se pondo ingredientes, até estar bem.


Ingredientes (2 pessoas):
250g de tagliatelle (de preferência frescos, ou caseiros)
cerca de 250g de cogumelos portobello (ou outros)
chouriço (do tipo que preferir, e na quantidade que lhe parecer bem)
pesto (confesso - foi mesmo de frasco. usei cerca de 4 colheres de chá)
raspa e sumo de 1 limão
1 boa mão-cheia de pinhões
2 dentes de alho
queijo parmesão
azeite
sal
pimenta


Preparação:
Comece por limpar e cortar os cogumelos em quatro. Num almofariz esmague o alho com bastante azeite e a raspa do limão e, com a ajuda de um pincel de cozinha, pincele bem os cogumelos com o líquido resultante.

De seguida, leve uma panela ao lume com bastante água e um punhado de sal (para a massa) e aqueça uma frigideira em lume forte. O ideal é que a massa fique cozida mais ou menos ao mesmo tempo que os cogumelos e o chouriço fiquem prontos (o tempo dependerá do tipo de massa utilizada).

Deite os cogumelos na frigideira, temperando-os com sal. Entretanto corte o chouriço em rodelas e depois em tiras pequenas. Passados 2 a 3 minutos de cozedura junte o chouriço aos cogumelos e deixe fritar um pouco. Espalhe por cima os pinhões, junte o sumo de limão e cozinhe até estar pronto. A massa deverá entretanto estar cozida - retire-a da panela e junte-a à frigideira, envolvendo bem todos os ingredientes. Deite o pesto sobre a massa e misture bem. Finalmente, rale o parmesão directamente sobre a massa e misture mais uma vez.

Sirva imediatamente.

26 março 2012


Mais cedo ou mais tarde teríamos de abordar a questão dos macarons... Basta espreitar o que se vai fazendo pela blogosfera culinária nos últimos tempos para ver que os macarons são uma das modas actuais. São um bolo aparentemente simples, à base de merengue e amêndoa, mas que tem ganho uma popularidade imensa e uma mística enorme, agravada pelo facto de ter uma receita enganadora, que parece simples mas que na verdade tem armadilhas escondidas em todos os passos. Confesso que antes de conseguir o resultado que está na foto fiz várias tentativas frustradas, sem sequer conseguir descobrir o que estava a fazer mal. Só consegui finalmente acertar ao experimentar a receita da verdadeira bíblia macaronense do chef francês Pierre Hermé, o livro "Macarons". O que se segue é a receita básica, com um simples creme de chocolate, mas a partir desta a imaginação é o limite. Os macarons são uma receita que permite infinitas variações e combinações de sabores.
Tentarei no texto chamar a atenção para os pontos que me parecem mais problemáticos. Esta é daquelas receitas que uma pessoa pode ter a sorte de acertar à primeira (e achar que é muito fácil) ou que pode dar tantos problemas que só apetece desistir. O meu conselho é: não desistam! Quando se acerta vale bem a pena!!


Ingredientes (para cerca de 30 macarons):

Para os macarons:
110g de claras de ovo, divididas em dois recipientes (55g cada)
150g de amêndoa em pó
150g de açúcar
150g de açúcar em pó
37,5g água

Para o recheio de chocolate:
200g de natas
200g de chocolate preto
70g de manteiga


Preparação:
Alguns dias antes da receita (de preferência uma semana), prepare as claras, colocando 55g em cada recipiente. Feche os recipientes com película aderente, abra uns furos na película com o bico de uma faca e deixe no frigorífico. As claras ficarão liquefeitas, perdendo elasticidade e adequando-se mais à receita.

Agora a preparação propriamente dita: numa tigela, junte o açúcar em pó com as amêndoas em pó e peneire para um recipiente grande. Deite-lhe um dos recipientes de claras liquefeitas (sem misturar). Num tacho pequeno, leve ao lume o açúcar e a água, aquecendo em lume médio e controlando a temperatura com um termómetro de açúcar. Assim que chegar aos 115º, comece a bater a segunda porção de claras com uma batedeira (de preferência uma batedeira fixa, mas também pode ser de mão, embora obrigue a alguma ginástica se estiver sozinho na cozinha). Assim que o açúcar chegar aos 118º, e sem parar de bater as claras, deite o açúcar em fio sobre as mesmas e continue a bater na velocidade máxima durante cerca de 1 minuto. Reduza a batedeira para velocidade média e bata por mais cerca de 2 minutos, obtendo um merengue de tipo italiano. Deixe repousar e controle a temperatura. Assim que chegar aos 50º deite-o com uma espátula sobre a mistura de açúcar e amêndoa em pó.

O passo que se segue é crítico. É a chamada macaronage. Trata-se de misturar o merengue com o açúcar e a amêndoa, do centro para o lado da taça, rodando a taça enquanto se mistura. Cuidado - não se pode misturar de menos e não se pode misturar de mais. Qual o ponto certo? É uma questão de prática. A massa começará a ficar brilhante, mas ainda escorrendo da espátula. Há blogs que comparam o ponto certo à consistência de lava. Se deixar cair um pouco de massa e ela formar um 'bico', esse bico deve desaparecer passados alguns segundos. Se se mantiver firme, mexa um pouco mais. Se estiver líquida de mais, passou do ponto e já não há muito a fazer...

Assumindo que tudo correu bem, agora é questão de colocar a massa num saco de pasteleiro, espalhar uma folha de papel vegetal de forno sobre um tabuleiro e fazer pequenos montinhos uniformes de cerca de 3,5 cm de diâmetro, com espaços de cerca de 2 cm entre eles (pode fazer previamente uns círculos a lápis no verso do papel para servirem de guia). Conseguirá encher pelo menos 2 tabuleiros. No final, bata ao de leve com o tabuleiro no tampo da mesa para libertar quaisquer bolhas de ar que possam ter ficado na massa. Deixe repousar por cerca de 30 minutos, até que, ao tocar ao de leve na massa, esta não pegue aos dedos.

Aqueça o forno a 180º em modo ventilado. Atenção - a temperatura do forno é outra variável crítica. Forno demasiado quente, demasiado frio, ou calor pouco uniforme podem estragar os macarons e fazer com que não cozam em condições. O tempo varia de forno para forno e há várias medidas nas receitas espalhadas pela internet. Mais uma vez segui os tempos do livro do Pierre Hermé e no meu forno funcionou na perfeição. Coloque os tabuleiros no forno a 180º, passados 8 minutos abra e feche rapidamente a porta do forno para deixar sair o vapor. 2 minutos depois (aos 10 minutos de cozedura) faça o mesmo, e retire do forno passados mais 2 minutos (aos 12 minutos de cozedura).

Deixe os macarons sobre o papel vegetal, mas fora dos tabuleiros, para que não continuem a cozer. Deixe-os arrefecer e retire-os cuidadosamente do papel. Se tudo correu bem, deverão sair sem problemas e estar perfeitos, tendo formado durante a cozedura o "pé" que lhes é característico.

Pronto, se conseguiu até aqui, então o pior já passou. Agora é o recheio. Corte o chocolate em pedaços (é mais fácil se usar uma faca de pão serrilhada) para dentro de uma taça. Leve as natas ao lume até ferverem e deite-as sobre o chocolate, um terço de cada vez e mexendo sempre. O chocolate derreterá e misturar-se-à com as natas. Controle a temperatura com o termómetro - assim que chegar a 50º vá juntando a manteiga em pedaços pequenos, uns poucos de cada vez. Bata com a vara de arames até a ganache estar uniforme e suave. Deite sobre um tabuleiro, cubra com película aderente e leve ao frigorífico para enrijecer.

Para rechear os macarons, vire metade das 'bolachas' ao contrário, coloque a ganache num saco de pasteleiro e deite uma porção generosa sobre cada bolacha, colocando outra por cima, com cuidado (são frágeis!).

No final, e este é capaz de ser o mais difícil de todos os passos desta longa receita, leve os macarons ao frigorífico de um dia para o outro. Sei que é quase impossível resistir, mas acredite - este tempo de espera faz com que a humidade do recheio passe para a massa, tornando-a mais húmida e saborosa. Vale bem a pena! Antes de comer, retire os macarons do frigorífico 2 horas antes, caso contrário estarão demasiado frios e rijos para serem devidamente apreciados.

Dá trabalho e pode ser muito difícil acertar com todos os passos. Mas quando se consegue é verdadeiramente recompensador!!...

09 fevereiro 2012


Voltamos hoje às panquecas. Em tempos, o Chef Janvier colocou a sua receita preferida aqui no CcT, agora é a minha vez. As panquecas são uma mania relativamente recente cá em casa. Andei à procura de receitas, fiz várias vezes uma outra que tinha encontrado na Internet, mas agora que descobri a receita da Donna Hay não quero outra coisa. Saem sempre perfeitas, com a altura certa e um sabor óptimo. Depois é só inventar acompanhamentos - mel, doces, compotas, iogurte natural, frutos silvestres, morangos, todos os anteriores ao mesmo tempo... Não há pequeno-almoço mais versátil do que uma boa torre de panquecas!


Ingredientes (para cerca de 8 panquecas):
2 chávenas de farinha sem fermento
2 ovos
1,5 chávenas de leite
1/3 de chávena de açúcar
75g de manteiga derretida
3 colheres de chá de fermento
sal
canela


Preparação:
Com a ajuda de um passador peneire a farinha para uma taça grande. Faça uma cavidade no meio com a mão. Bata ligeiramente os dois ovos numa tigela à parte e deite-os na cavidade, juntamente com o leite, o sal, a manteiga, o fermento e o açúcar. Bata com uma vara de arames até a massa estar bem ligada. Atenção, esta massa fica sempre um pouco líquida. Assim que estiver no ponto, deite um pouco de canela e misture.

Ponha de seguida uma frigideira pequena ao lume (em lume brando!) e assim que estiver quente use uma concha de sopa para deitar uma porção de massa na frigideira. Deixe aquecer até que surjam bolhas de ar à superfície - nessa altura, com a ajuda de uma espátula, vire a panqueca e deixe cozinhar no lado oposto por mais uns segundos. Retire e coloque sobre papel absorvente. Repita até esgotar a massa.

Se quiser, pode juntar na massa (antes de levar à frigideira) rodelas de banana ou de morango. Como disse no início, as panquecas são extremamente versáteis - basta ter alguma imaginação!

05 fevereiro 2012


O Cassoulet é um prato típico do sul de França, à base de feijão e carne, e cozinhado numa caçarola de barro, a cassole, que lhe dá o nome. Encontrei esta receita num livro curioso de Jamie Oliver, "Jamie's 30 Minute Meals", em que o chef inglês prepara refeições inteiras em cerca de 30 minutos. Para tal é necessário haver concessões, obviamente, e por isso fica um aviso aos puristas: este cassoulet não é propriamente a versão mais fiel às origens do prato francês. Mas é rápido de fazer, e fica muito saboroso. E para além do mais é uma óptima opção para estes dias mais frios.


Ingredientes:
4 tiras de bacon
1,5 cebolas vermelhas
rosmaninho
salva
3 folhas de louro
2 alhos-franceses
400g de salsicha frescas de porco preto (ou outras, mas as de porco preto dão um óptimo sabor ao prato)
3 a 4 fatias grossas de pão
2 dentes de alho
680g de tomate triturado (em frasco)
390g de feijão-manteiga
390g de feijão-branco
azeite
sal
pimenta


Preparação:
Comece por preparar os ingredientes: corte o bacon em tirinhas, pique as cebolas, lave e corte em rodelas finas o alho-francês.

De seguida, leve uma sertã a lume alto, deite-lhe um fio generoso de azeite e, quando estiver quente, coloque o bacon a fritar. Deite de seguida as folhas: do rosmaninho, da salva (guarde algumas folhas desta planta para mais tarde) e do louro. Vá mexendo, para os sabores se misturarem. Junte o alho-francês e a cebola, deite um pouquinho de água quente (para não queimar e pegar ao fundo), mexa e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando.

Entretanto coloque as salsichas num recipiente de forno, envolva-as bem num pouco de azeite e leve ao grill do forno durante cerca de 8 minutos.

Enquanto as salsichas grelham e os legumes cozinham, esfarele o pão para um robot de cozinha, junte sal e pimenta, algumas folhas de salva (não gaste todas!), o alho e azeite. Triture no robot até ficar completamente misturado.

Volte aos legumes - deite-lhes o tomate e os feijões, mexendo bem todos os ingredientes. Prove e ajuste temperos, se necessário.

Quando as salsichas estiverem prontas, os legumes deverão também estar no ponto. Passe os legumes para um recipiente grande de ir ao forno. Espalhe por cima metade do pão ralado. Pegue de seguida nas salsichas e deite-as sobre o pão ralado, com o lado mais tostado para baixo. Cubra com o restante pão. Finalmente, espalhe por cima as folhas de salva que restaram, deite um fio de azeite por cima e leve novamente ao grill, por cerca de 4 minutos.

Retire do forno e está pronto a servir.
 
© 2012. Design by Main-Blogger - Blogger Template and Blogging Stuff